O que houve com você? O que a fez esquecer tantas coisas boas que aconteceram conosco?
Mesmo que jamais tenhamos a nossa amizade de volta, me esclareça os motivos da sua
frieza. Por mal entendidos e motivos banais eu já briguei com amigos e perdi alguns outros, inclusive, um
para sempre.
Você não será menos uma em minha vida.
Quem errou? Quem é o melhor ou o pior nisso tudo? Certamente, essas perguntas têm tanto sentido quanto tentar respondê-las,
nenhum.
Enquanto névoas cobrirem meus olhos, tirarei minhas próprias conclusões. Não estou sozinho nessa neblina, mas o que vejo não é nada agradável.
Estou sendo vítima de
discriminação?
Não crie tempestades, pois eu já estive do seu lado. Sei como o mundo é visto e como ele é
julgado.
Não há culpados. Já vi muitas pessoas se esquecerem de
mil coisas boas por apenas
uma ruim. Isso acontece a toda hora e em todo o lugar, mesmo em lugares fechados. Conheço muito bem essas idéias equivocadas da alma humana.
Os olhos só se abrem para as coisas ruins.
Falasse, pelo menos, com aqueles que ainda se mantém
de pé.
Me mostre o quanto estou errado,
precipitado. Diga que tudo, realmente, não passou de um mal entendido. Liberte-me de dentro da
caverna.
Espero que saiba entender essa carta.
Ainda não ostento bigodes. Mas há muitos, por aí, que se mantém orgulhosos com aquilo que está
debaixo dos próprios narizes.
E que, um dia, possamos nos encontrar novamente, andando lado a lado, e não
caídos no chão.
Se ainda houver o que possamos fazer juntos, responda-me. Mas, se não há mais nada a dizer, que o
silêncio diga tudo.
rodrigo bobi - carta escrita e enviada no dia 27 de outubro de 2004 para uma amiga. Nunca houve uma resposta.