Além de sair por aí me apropriando indiscriminadamente de conceitos alheios, sou pretencioso a ponto de me arriscar em outras áreas do conhecimento. E aventura intelectual de agora é pelo território da química.
Tenho alguns amigos químicos que estarão bem atentos ao que será escrito, mas vos digo que talvez seja melhor encerrar a leitura por aqui, pois não tenho a mínima intenção, nem capacidade, para discorrer sobre fórmulas, elementos etc. Tentarei observar outras variedades de interações químicas: as inter-pessoais. E nessa análise talvez seja vantajem um ponto de vista "humano", por se tratar de algo totalmente subjetivo.
Pois bem, nosso estudo encontra logo de início uma limitação básica. A química que se passa entre duas pessoas é totalmente indizível, e até agora não há modo eficaz de mensurá-la. E então, amigos, o que faremos agora para prosseguir? Sugiro o método da divagação pessoal. Começo identificando alguns dos meios pelo qual a química pode acontecer: o primeiro deles é o ar, pois se trata de um evento fundamentalmente etéreo. O segundo, o olhar, e muito cuidado com o olhar, porque se não ficarmos atento ele nos levará a um lado místico, que não é o objetivo deste tratado praticamente científico. Foquemos: através dos olhos acontece algum tipo de transmissão, molecular talvez, celular, não se sabe, que tem por efeito em nós diversas sensações corporais. Por fim, o toque, uma via um pouco mais direta mas que mantém a sutileza característica da química.
Confesso que me sinto exausto ao elencar todos esses acontecimentos. Nenhum deles dá conta de explicar o que realmente se passa entre duas pessoas que reagem a uma química, indefinida, mas existente. Simplesmente sentimos, frio, calor, tontura, respiração acelerada... E querer descrever isso é necessariamente dar um nó na língua, e/ou no peito.
Enfim, um poeta seria muito mais indicado para nos revelar estas sensações. Mas como último esforço, peço a vocês que fechem os olhos e lembrem-se de um momento como esse, e por um instante revivam aquelas reações, pois só assim toda a ladainha dita acima faz algum sentido e merece ser publicada.
Bruno*