Serenata*
Serenata. Palavra bonita. Sonora, sutil e musical; boa de se pronunciar: serenata. E além de designar a cantoria dos apaixonados, descobri recentemente que este também é o nome de um remédio, mais precisamente, de um anti-depressivo. Achei curioso, impossível não me perguntar o que faz um nome tão bonito em um remédio, ainda mais em um anti-depressivo. Que coisa. O que teria levado um químico, ou a empresa dona do fármaco, a dar-lhe justamente esse nome? Serenata. Terá sido um nome escolhido ao acaso? Duvido. Não só o acaso é algo muito discutível, como a sabedoria comercial de uma indústria de magnitudes globais, como a farmacêutica, nunca permitiria que um seu produto deixasse de receber um nome convenientemente lucrativo.
Minha hipótese, ingênua e fantasiosa, é a que este químico, ou por já ter sofrido de amores, ou por ser possuidor de um terrível sarcasmo, deu este nome ao anti-depressivo em alusão àquelas cantorias ao pé de janelas, querendo com isso insinuar que a depressão nada mais é do que o resultado de uma profunda e mortífera frustração emocional, que por sua vez, não passa de um amor mal-resolvido.
Químico espertinho, e maldoso, caçoando dos trovadores mal-sucedidos, sugerindo que seu remédio seja a música capaz de curar os loucos do coração.
Nem mesmo Machado, por incrível que pareça, foi tão irônico, e chamou seu ambicionado anti-depressivo, cura para o melancólico vazio universal, simplesmente, de Emplasto Brás-Cubas.
É uma hipótese. Mas, de uma coisa podemos ter certeza: a medicina avança não só na cura dos males da alma e do coração, mas também na escolha do nome que dá aos seus produtos, pois confesso que entre um anti-depressivo chamado Emplasto Brás-Cubas e outro chamado Serenata, eu certamente escolheria o segundo: Serenata!
Bruno*
Minha hipótese, ingênua e fantasiosa, é a que este químico, ou por já ter sofrido de amores, ou por ser possuidor de um terrível sarcasmo, deu este nome ao anti-depressivo em alusão àquelas cantorias ao pé de janelas, querendo com isso insinuar que a depressão nada mais é do que o resultado de uma profunda e mortífera frustração emocional, que por sua vez, não passa de um amor mal-resolvido.
Químico espertinho, e maldoso, caçoando dos trovadores mal-sucedidos, sugerindo que seu remédio seja a música capaz de curar os loucos do coração.
Nem mesmo Machado, por incrível que pareça, foi tão irônico, e chamou seu ambicionado anti-depressivo, cura para o melancólico vazio universal, simplesmente, de Emplasto Brás-Cubas.
É uma hipótese. Mas, de uma coisa podemos ter certeza: a medicina avança não só na cura dos males da alma e do coração, mas também na escolha do nome que dá aos seus produtos, pois confesso que entre um anti-depressivo chamado Emplasto Brás-Cubas e outro chamado Serenata, eu certamente escolheria o segundo: Serenata!
Bruno*