Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, agosto 22, 2007

Do silêncio e suas (des)implicações

Quanto ao tema do silêncio, eis que é de fato necessário conversar com nossos pares. E que distração da indiferença cósmica não é filosofar – despretensiosamente – com aquelas poucas pessoas por quem prezamos e que, apesar da mesma indiferença cósmica, prezam também por nós. Não deve haver pior descarinho do que viver na miséria de não ter alguém com quem exercitar o cérebro nas doce-amargas considerações acerca das matérias intangíveis que determinam, às ocultas e em silêncio, a mesquinhez das práticas quotidianas da vida.
E isso diz tanto, e tão pouco, que dá vontade de parar. E de continuar.
Mas, como teria dito um anônimo sábio reconhecido e respeitado, de nada alteraria o eixo da Terra. Sentir assim, pensar assado, dizer um assim-assado que não é assim nem assado... nenhuma dessas atividades altera o curso das matérias intangíveis. É uma postulação-limite, nós sabemos, mas serve de farol pra algumas embarcações neurônicas.
A quem não acorda senão pra beleza – e pro considerar da beleza – das coisas em si – se é que há tal coisa –, sem querê-las enclausurar de qualquer forma ou por qualquer meio, resta assistir às poucas alterações infligidas ao eixo da Terra pelos homens. Resta vislumbrar os grandiosos feitos alcançados pela paixão do poder e pelo fervor da verdade absoluta. Resta reprovar, tácita, consciente e inertemente, todos os costumes provedores e/ou provenientes do que se considere o caminho certo. Resta continuar acordando pelo simples considerar das matérias intangíveis – sem almejar tocá-las –, enquanto a areia se vai fazendo castelo.
Resta isso... e rir de tudo – do que resta inclusive –, até o fim.


Algoz