Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, março 12, 2008

Atravessando o Rio*

É triste olhar para a natureza e ver algo que não ela mesma.
O rio tem a força da correnteza, da maré que enche, dos animais; não tem idéias, consciência, não considera o tempo que o torna único a cada instante, não tem um fundo de verdades - senão a desconhecida e temerosa profundidade de um fundo oceânico.
Para atravessar o rio, pouco importa a razão do sujeito e de nada serve todo o amor que leva consigo.
Para atravessar o rio, é preciso ter pernas e braços; fôlego e coragem.
A margem segura e triste que deixamos ao partir; a margem que é preciso alcançar do outro lado; quando da terceira margem as avistamos, com o corpo já exausto de tanto nadar, e a dúvida entre qual delas escolher, sem saber se nossos braços e pernas conseguirão nos levar de volta à terra firme, só uma certeza permite a vida: o movimento, a ação do nosso corpo, a vontade quase involuntária de existir.
Corpo, coragem e força.

Bruno*