Confraternização

(Na geladeira)

sexta-feira, maio 26, 2006

Das Coisas Além das Coisas*

Mais um pouco do mesmo: as pessoas tendem a fantasiar, amando, sonhando etc... Isso é, basicamente, criar um mundo, uma realidade, encima do mundo, sobre a realidade. Esse mundo fictício, muita vez tomado por real, é o que podemos entender por “sentido”, aquele que colocamos nas coisas, originalmente sem sentido algum.
Mas me pergunto, se não é exatamente esse o erro que cometemos? Como é sabido, a existência implica em dor, e o que entendemos por felicidade é na verdade um estado onde há o menor grau de sofrimento possível – isso se o leitor concordar, ou ao menos conhecer, linhas de pensamento como as budistas e schopenhauerianas, entre outras. Pois então, criar e viver esses tipos de ilusão não é afastarmo-nos de qualquer solução possível para essa condição? Concordo com a necessidade da faculdade de fantasiar, mas me incomoda a necessidade de enganar a si próprio, de crer na representação como verdade, de ver coisas além das coisas.
Será este o único, ou melhor, jeito de viver a vida, de relacionar-se: iludindo-se? Hão de haver outras alternativas, mais complexas, menos acessíveis, carismáticas, bonitinhas, românticas, heróicas etc., é verdade. Algo próximo do bom vazio e/ou da iluminação. Muitos autores, entre eles os citados acima, tentam nos mostrar, mas temos alguma resistência em aprender, em praticar filosofias desse tipo. Outro sábio pouco do mesmo: “nada se ensina, tudo se aprende”. Quero aprender, quero ver as coisas como elas são, o mais próximo de como elas são primeiramente, que é a intuição; quero a capacidade de contemplar as coisas, perceber as coisas. Ver e viver naturalmente para sofrer menos, eis o que quero; eis o que não entendo ser tão difícil de se ser e compreender.

Bruno*

6 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Sim, sim...
Realmente, fiolosofias de vida com esta são pouco atraentes...
Afinal, um perfume chamado "Paixão" é bem mais atrativo do que um outro chamado "Desencanto", não é mesmo?... Huhauhauhaua!

maio 28, 2006 5:40 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Realmente, não chega a ser erro, pelo fato de erros/acertos serem tão relativos.
Sabe, eu acredito que nosso dia, cada dia, é feito de momentos. Acho que, por momentos, nos tornamos pessoas iluminadas, viventes reais da existência, porém, na maior parte do tempo, estamos a viver as representações. Mas, não acredito que vivamos o dia inteiro unicamente através de representações(isso não é uma crítica ao seu texto pois não está explícito nele que a gente vive de representação em tempo integral...rsrsrs).
Seu texto foca, implicitamente, na questão "relacionamentos", o que é, basicamente, quase que 100 por cento da vida de um ser humano normal.
Para terminar(espero não ter viajado, mas, se viajei também, diferença não faz...rsrs), quero dizer que Buda dizia que, quanto mais pensamos na Iluminação, mais nos afastamos dela. Seu ato de tentar entender esse processo, a dificuldade desse processo de iluminação, afasto-o mais ainda da própria Iluminação. "...quanto mais queremos a iluminação, mais longe ficamos dela..."
Os fatos comprovam isso...

Abraço mais que forte!
E, torcida para que um dia você aprenda!

maio 29, 2006 8:55 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Faltou um coisa. Acho que, nesses momentos iluminados que eu mencionei, é que podemos aprender o caminho...

maio 29, 2006 8:56 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, como sou lesado. Faltou outra coisa.
Falei que seu texto foca em relacionamentos(acho que usei a palavra "implicitamente" equivocadamente). Entendo que seus problemas centram basicamente nisso, e é justamente isso um potencializador de problemas...rsrs
Apenas acompanhado unicamente de si mesmo é que se alcança algo. Depois, os relacionamentos mundam, continuam, mas mudam.
Apenas falo o que minha ínfima experiência me diz.

Mais um abraço!

maio 29, 2006 9:00 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Olá.
Acredito nas suas palavras, tbm.
Mas acredito q o real já é algo discutível de se definir. Tornamos reais as coisas, vivemos mais sobre coisas q ñ vemos do q as q vemos, nos isentando de ter q ver tudo, literalmente. Prefiro o exercício da construção da realidade, ñ da fantasia, mas de trazer oq queremos p a realidade. Torná-la perceptível.
Se tudo é construível, dentro das leis da vida, podemos trazer p a realidade oq queremos, respeitando a natureza da vida e o livre-arbítrio das pessoas. O Osho é o cara para falar de relacionamentos no plano ideal, na minha simplória opinião.
Encanto/Desencanto, Realidade/Virtualidade, para mim são conceitos fracos enquanto seu grau de "absoluteza". haahaha
O nosso grande erro é depositarmos nossa felicidade nas coisas e nas pessoas... todas mudam!
sei lá.

abs

maio 29, 2006 1:38 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Sem dúvida, Bobi, concordo plenamente. Pensar na iluminação é estar no plano do querer, como está este texto, e querer o bem está bem longe de fazer/ser o bem...
A reflexão tem suas limitações...

maio 30, 2006 9:37 AM  

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