Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, junho 13, 2007

Dias desditados

Fazia exatas duas semanas que nada sabíamos da pessoa que mais queríamos saber. É preciso saber muitos ditados pra suportar certas injustiças da vida. Porque os ditados nos mostram que não sabemos nada daquilo tudo que sabemos; porque os ditados explicam que não há injustiças na vida. A justiça é uma entidade ambígua e cruel, auto regulada e, em última instância, inexistente. E apesar de os ditados nos mostrarem nossas misérias com aquele ar de sabedoria moleca – que nos faz pensar que estamos a mitigar nossa dor, enquanto por vezes ela está lá, se alimentando dos pensamentos, das sensações, das memórias e de todo o resto que passa por nossos neurônios sem que saibamos bem o que se está a passar –, apesar disso, é preciso sabê-los. Muitos deles. Pra suportar todas as justiças da vida. E em certos dias essa ou aquela dor volta a todo o vapor, como um vazio que preenche tanto a nossa inércia quanto o nosso movimento. Não há ânimo que faça nosso corpo se levantar da cama num dia sem compromissos, nem recompensa que valha por uma tarde perdida na cozinha, preparando um bom jantar que não será desfrutado por uma específica pessoa. Uma, apenas. Um vazio que... lágrimas. E a ira galáctica da inutilidade.


Algoz

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Uma violenta e admirável reflexão... :-0

junho 14, 2007 8:07 PM  

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