Carta ao Pai
Querido Papai do Céu,
Eu estava na praia, naquele dia, deitado na pedra. Distraíamo-nos filosofando muito despretensiosamente acerca dos mais sérios assuntos dessa vida. E relembrávamos com carinho daqueles que conosco não estavam. O sol estava pelas quatro da tarde, tínhamos uma garrafa gelada e tudo estava em ordem. Pedimos pro Senhor fechar a conta. Faz cinco semanas.
***
Pela primeira vez nessa amarga vida uma especialíssima pessoa me fez uma inusitada visita. Conheceu meus entes, alegraram-se mutuamente. Veio ao meu quarto, conversamos gostosamente. Sublime: deitou-se em meu peito, meu braço a enlaçando, minha outra mão em seu rosto. Cochilamos assim poucos minutos. Mágico. Pedi que o Senhor passasse a régua. Faz quatro semanas.
***
Depois de ver muitas pessoas conhecidas num mesmo dia – não que não seja bom ver pessoas de que gostamos, mas haja saco! (com o perdão da palavra, por favor) – cheguei em casa e, sozinho, tomei uma cervejinha enquanto deixava baixar a adrenalina da via-sacra (com o perdão da figura de linguagem, dessa vez). E deitado no chão, largado e satisfeito... o Senhor se lembra. Faz três semanas.
***
Caminhávamos pelo centro da cidade num dia de sol (aproveitando: obrigado pelos dias de sol!), batíamos papo, parávamos aqui pra isso, ali praquilo, caminhávamos. Em tantas diferentes situações, parados ou em movimento, cruzaram nosso caminho pessoas da mais tocante – e natural – simpatia. Algumas, talvez sentindo nossa aura de contentamento e despretensão, nos abordavam pra conversar conosco suas carências. Foi uma sensação estranha e bonita. Achei que talvez, dessa feita, o Senhor fosse me escusar do pedido e, automaticamente,... né? Duas semanas, já faz.
***
Semana passada escrevi um texto que me agradou: uma história muito, muito triste, mas contada de uma forma amena. Achei bonito. Algumas pouquíssimas pessoas próximas também disseram que gostaram (tenho que acreditar). Uma amiga passou em casa, fomos jogar sinuca. Papo vai, papo vem, ficamos conversando até três horas da manhã seguinte. Entrei, olhei a lua (obrigado, aliás, pela lua também), fui me deitar. Pensei de mim pra mim mesmo (o Senhor se lembra): bem que no segundo, no terceiro sono, Papai do Céu podia... né? Qual o quê?!
***
Bom, continuo no aguardo de ocasião que o Senhor considere perfeita pra me encaminhar a conta. Sou paciente. Vou tentando fazer minha parte, daqui. Tenho Visa Electron, vou vivendo...
Eu estava na praia, naquele dia, deitado na pedra. Distraíamo-nos filosofando muito despretensiosamente acerca dos mais sérios assuntos dessa vida. E relembrávamos com carinho daqueles que conosco não estavam. O sol estava pelas quatro da tarde, tínhamos uma garrafa gelada e tudo estava em ordem. Pedimos pro Senhor fechar a conta. Faz cinco semanas.
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Pela primeira vez nessa amarga vida uma especialíssima pessoa me fez uma inusitada visita. Conheceu meus entes, alegraram-se mutuamente. Veio ao meu quarto, conversamos gostosamente. Sublime: deitou-se em meu peito, meu braço a enlaçando, minha outra mão em seu rosto. Cochilamos assim poucos minutos. Mágico. Pedi que o Senhor passasse a régua. Faz quatro semanas.
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Depois de ver muitas pessoas conhecidas num mesmo dia – não que não seja bom ver pessoas de que gostamos, mas haja saco! (com o perdão da palavra, por favor) – cheguei em casa e, sozinho, tomei uma cervejinha enquanto deixava baixar a adrenalina da via-sacra (com o perdão da figura de linguagem, dessa vez). E deitado no chão, largado e satisfeito... o Senhor se lembra. Faz três semanas.
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Caminhávamos pelo centro da cidade num dia de sol (aproveitando: obrigado pelos dias de sol!), batíamos papo, parávamos aqui pra isso, ali praquilo, caminhávamos. Em tantas diferentes situações, parados ou em movimento, cruzaram nosso caminho pessoas da mais tocante – e natural – simpatia. Algumas, talvez sentindo nossa aura de contentamento e despretensão, nos abordavam pra conversar conosco suas carências. Foi uma sensação estranha e bonita. Achei que talvez, dessa feita, o Senhor fosse me escusar do pedido e, automaticamente,... né? Duas semanas, já faz.
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Semana passada escrevi um texto que me agradou: uma história muito, muito triste, mas contada de uma forma amena. Achei bonito. Algumas pouquíssimas pessoas próximas também disseram que gostaram (tenho que acreditar). Uma amiga passou em casa, fomos jogar sinuca. Papo vai, papo vem, ficamos conversando até três horas da manhã seguinte. Entrei, olhei a lua (obrigado, aliás, pela lua também), fui me deitar. Pensei de mim pra mim mesmo (o Senhor se lembra): bem que no segundo, no terceiro sono, Papai do Céu podia... né? Qual o quê?!
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Bom, continuo no aguardo de ocasião que o Senhor considere perfeita pra me encaminhar a conta. Sou paciente. Vou tentando fazer minha parte, daqui. Tenho Visa Electron, vou vivendo...
Do Seu,
Algoz
4 Comments:
O problema é a pendura. O dono da bagaça faz questão de vender fiado. Então, meu velho, aproveite porque a conta vai demorar. Abraços,
André
Oi.
Lindura de texto e eventos. (Foi assim mesmo [só faltou falar da aliança!]!)
Agora, que esse serviço aqui na vida tá mal quisto, isso tá! Acho um absurdo a gente pedir a conta e demorar tanto assim pra vir!
Enquanto a conta não chega, meu querido, só nos resta aproveitar pra ser feliz, como naquele dia !
Beijocas, Pri
ele não passa a régua porque você não comprou nada, presente não vem com nota fiscal
se você que ganhou, você que faça o que você quiser
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