Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, abril 23, 2008

De um pouco de amor

Sim, não amamos a pessoa-objeto-de-nosso-amor, mas nos contentamos – por vezes mais que outras – com a quantidade de quesitos e/ou com a qualidade deles... com que esse alguém se encaixa nos conceitos que a sociedade nos fez ter por nossos. E dentro disso vemos nosso sofrimento amoroso como algo genuíno e honesto: quando queremos a qualquer preço encaixar alguém na gaveta da imagem do que seja nossa outra metade – quando somos inteiros irremediavelmente incompletos; ou quando alguém que julgamos se encaixar nesse impossível nos dá as costas. [(Ou ainda quando vemos nossa tolice em permanecer amorosamente com uma pessoa que nos faz questionar – em quantidade e qualidade excessivas – o amor que por ela sentimos – leia-se: a quantidade e a qualidade com que esse alguém preenche nossas necessidades conceituais pra que tal relacionamento seja benéfico: o que chamamos de felicidade.) Quando vemos a tolice disso tudo e permanecemos numa situação de morte-em-vida, culpando o Universo e/ou justificando nossa toleima com aquele item do conjunto de conceitos que esse alguém consegue preencher – quando... valha-nos!... qualquer um é capaz de preencher razoavelmente um ou dois conceitos de qualquer outro.] Mas a exata consciente permanência num estado de infelicidade amorosa é também uma forma de amor – nesse exato sentido do encaixe humano em conceitos sociais –, mas de um amor que anula e amarga quem o sente; de um amor mesquinho pelas próprias lágrimas e pelos próprios cantos escuros; e em última instância, de um amor cruel com que justificar as inúmeras formas de violência comportamental.


Algoz

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Em qualidade e quantidade, é o que mais vejo.

abril 26, 2008 4:59 PM  

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