Confraternização

(Na geladeira)

quinta-feira, outubro 11, 2007

Money, money

As plantas nada interpretam
[e não latem e nem soltam pêlos
[e não deixam resíduos que incomodam.

Compra um homem uma rosa
e sem alarde pela rua caminha
Vem a mulher com quem copula
e feliz se joga a seus braços:

– Que amor!
Ela exclama, e faz biquinho...
[E toma-lhe a flor!
Mas o paciente homem, diferente
de seu paciente habitual
(sem porém perder a paciência)
Lha toma de volta a seqüestrada
(mas ele carinhosamente)
E diz, sem meias palavras
– São pra minha mãe...

Ela, enfurecida, afasta-o violenta
Lança-lhe lindos impropérios
(quiçá um tapa)
E dá as costas.
Ele sorri, segue seu caminho.

Chega em casa, arranja um vasinho
Deita a rosa com carinho
E deixa pra sua mãe um bilhetinho
Com um escrito bonitinho qualquer.

Volta pra fora, se senta na calçada
Pensando nos pré conceitos por trás
do ataque histérico de sua amante.
Certíssima de ser a pobre flor
regalo pra um outro, escuso, amor,
Ela questionava, em baixíssimo vernáculo,
A fidelidade do pobre-diabo.

Mas ele, que nada devia
[a ninguém, nessas matérias,
Divagava outras balelas também
(mil vezes, pra ele, mais importantes).
Fazia em mil passos os caminhos
[das coisas e de suas pessoas
E depois reduzia-os
[em sofistas aforismos
Que acabou por idiotamente registrar
[não sem rir, de si mesmo.

Começou com o melindre
[da hipócrita fidelidade,
E foi, foi, foi...
Chegou em previsões econômicas
decorrentes da conseqüência
da confluência
da coincidência
de mil fatores plausíveis
de poderem ter sido causados
[pelo tal melindre.

Veio-lhe – naturalmente? –, à cabeça
O nome de Adam Smith.
(Coisa da mais irrelevante)


Algoz

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Rararara... cômico. Leve, meio saltitante. Muy bueno.

outubro 15, 2007 6:55 PM  

Postar um comentário

<< Home