Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, setembro 26, 2007

Mole

Mas nem os deuses sabem que tolas representações – de si mesmas e de todos os possíveis seres que as habitam e/ou freqüentam – não utilizarão as praias – cada uma delas – como motivações práticas que as levem a mudar, radical e inexplicavelmente, a ondulação de suas águas: de um ser pra outro sentinte; de um dia pro fim de tarde seguinte; de uma noite pra um ser mentinte.
A vida é uma praia sem uma vila de pescadores que minimamente a desvendassem. E onde bóiam restos de corpos. Corpos aqueles que feito lagartixas se regeneram em outras praias. Mas há poucos sérios casos em que as partes deixadas se demoram demais em decompor-se – quando chegam a tal. Às vezes as águas – sempre criteriosamente ignorantes – levam partes ou outras pros cantos, onde eventualmente se enroscam nas pedras abaixo da superfície, e nem os supostos inexistentes pescadores que a assistem – à praia – as enxergam – as partes. Quando a maré recua, por vezes algumas partes de alguns corpos ficam acima da superfície. Mas se num momento de recuo se desprendem e as águas – com suas ingênuas sempre-certas direções – as levam – as partes – pra uma pedra ainda mais profunda... há de chegar o dia... É forçoso: nunca estamos tão longe dele quanto em nossos piores tédios imaginamos.


Algoz

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Medo.

setembro 27, 2007 5:54 PM  

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