Milionésimo de "explicação" a duas amigas
Do tempo em que mais nos calamos, como forma de nos distanciarmos – ou de aceitarmos o distanciamento – daqueles com quem gostaríamos de estar, o dia mais ameno parece ser aquele em que nos deparamos – por força ou por necessidade – com o encontro. Pois ainda que saiam palavras quaisquer – sobre qualquer assunto e de qualquer nível de desimportância –, se forem real-realmente (e não vamos entrar na discussão semântica do que seja o real), se forem real-realmente poucas – e aqui consideramos qualitativamente, no sentido de não chegarem ao limite em que floresce qualquer tipo de mal-estar –, retomo: ainda que saiam palavras, se forem serenamente poucas, não hão de impedir que flua, com uma clareza quase transparente, o carinho – se ele houver – forçosamente posto de lado pelo distanciamento. Então, se há carinho e silêncio, não pode haver – salvo pelos percalços inerentes à vida (em sociedade?) – senão a leve, densíssima porém, sensação de bem-estar que é deliciosamente única do simples estar perto desse específico e especial outro por quem se cala em carinho, e por quem se tem carinho em silêncio.
Algoz
4 Comments:
Sensibilíssimo.
Né? Meu voto é sempre a favor a comunicação não-verbal, por achar que essa envolve um real-real conhecimento do outro, cehio de carinho e cumplicidade.
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Sensacional !
Pri
Trocando em miúdos já ditos, mal ditos .. " viver ultrapassa todo entendimento "
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