Confraternização

(Na geladeira)

segunda-feira, março 19, 2007

Manifesto Inútil*

A manhã é cinza e chuvosa, mas não escrevo para fugir desse cenário. Escrevo por discordar de coisas muito comuns. Sou obrigado a suportar adultos infantis, que sem perceber, fazem tão mal ao mundo quanto o dióxido de carbono, ou pior, pois nação nenhuma nunca se sensibilizará em reverter tão triste situação. Sou obrigado a frequentar hospitais sozinho, coisa que alguma lei federal, estadual ou municipal deveria proibir! Nenhum enfermo poderia adentrar uma casa de saúde desprovido não só de uma companhia verdadeira, bem como de muito carinho. Onde estão os direitos humanos? E que pessoa realmente humana não preferiria estar a discutir amenidades, ao invés de reproduzir atividades praticamente inúteis, mas altamente necessárias à manutenção de alguma máquina finita e estúpida?
É preciso que se crie a consciência de que o mistério e a graça feminina, por exemplo, muito mais importam - por mais que nada disso se conclua, comercialize ou lucre - do que esse cotidiano radicalmente mesquinho, no qual formamos sociopatas, suicidas, e reproduzimos indiscriminadamente a imbecilidade. (Enquanto isso crianças lindas se divertem aprendendo o mundo, e nós, o que fazemos? Laboramos dignidade, desconhecendo o preço que se paga por isso...)
Em homenagem a um par de olhos e a todo resquício de vida e ternura escondidos nesse tumulto de coisas desnecessárias e tristes do nosso dia-a-dia, peço licença de mostrar minha inútil discordância.

Bruno*