Confraternização

(Na geladeira)

sexta-feira, maio 19, 2006

alerGia

alerGia

amanheço quente e me preparo para tornar-me um sampa frio
faço meu papel de glóbulo pelas veias de asfalto
enquanto respiro o ar cinzento alojado no meu peito
falso tranqüilo, não relaxado, mais uma vez me repito
e fico atento aos anticorpos de bandido fardados
cheios de espinhos de calibre 12,
prontos para revidar
se eu não desviar meu olhar
para o crepúsculo que anuncia-se no meu radar

chego em casa coçando-me do dia
rogo pelo silêncio da noite
que varrerá de cima de meus sentidos
todo o entulho perceptivo

...

espero não ficar alérgico à h.urbanidade
ou espirrar, espirrar, espirrar
minha agressividade à calmaria que espreita nossas v.idas


Fred - 18052006
Coleção Delirium

2 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Ai ai... que bom é ter entre nós alguém tão sensível a realidade moderna, da metrópole, das suas condições extremas, do bombardeio de estímulos...
Um texto intenso, forte, como a experiência captada...
E mais uma vez soluções geniais, "h.urbanidade", "v.idas"; com um ponto são abertas novas possibilidades, novos sentidos... Genial.

maio 19, 2006 11:44 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Moderno, é isso que seu verso é. Por isso está mais aqui-agora que muitos outros, é mais presente que muitos outros. É criativo, sensitivo, perceptivo...
É o que a visão do homem tem de ser para enxergar o mundo de hoje. E se adaptar, evoluir.
Cheio de imagens perfeitas...

Gostei muito!!

Abraço!!

maio 19, 2006 11:56 AM  

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