Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, maio 14, 2008

De uma partida

Quando uma grande partida chega quase de repente, algumas coisas se fazem – proporcionalmente às questões temporais, e com justiça – maiores...
Aquela pessoa tão querida que ignora a sua irradiante – levemente triste, porém – necessidade de dividir com ela as repentinas novas da partida... Sim, aquela pessoa tão querida... Assim ignorando – antes ouvisse e fizesse pouco caso! –, assim ignorando esse honesto e carinhoso e singular dividir de certos sagrados detalhes desse novo rumo de vida que se faz à porta... Assim ignorando o tamanho das coisas, essa tão querida pessoa se torna uma triste resignação na memória das práticas sentimentais da vida.
Aqueles livros que causam tanta curiosidade, alguns pelos títulos que lhes fizeram retumbar sonoros, outros pelos autores que consagraram, um pelo amigo que leu e recomendou, outro pela leitura já uma ou outra vez feita, ou pelo carinho com que foi recebido, ou ainda pela história geográfica por que passou, outro pelas mãos que já o leram pelos caminhos do mundo ao longo do tempo. Todos aqueles livros, quando uma grande partida chega, se fazem um sinal de certa imprudência – pra não dizer imbecilidade –, pra quem os olha e pensa “onde a vida acontecia que esse livro não foi aberto, que aquele não foi folheado, que aquele outro nunca foi lido?”
E, acima de todo o desinteresse de alguém querido, e acima de todo o suposto conhecimento não absorvido pelas leituras não feitas de tantos livros... Acima de todas essas coisas tristemente transformadas em práticas quotidianas (não ou mal resolvidas)... Acima de tudo isso, quando das vésperas de uma grande partida, há aquela moça tão bonita e atraente que, pra além de não saber o tamanho das coisas todas, ainda deixa um suspiro agridoce por nunca ter sido sequer tocada... por alguém que parte cheio da maior e mais resignada vontade de fazer dela uma leitura bem feita. De um capítulo apenas, ou de um parágrafo. Quiçá de uma só linha, ou de apenas uma palavra. Mas uma leitura bem feita que fosse, dessa única palavra que fosse. E ela seria uma interjeição sorridente.


Algoz

2 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Hehehe...

Textualizando, ficou ótimo!





Besos.

maio 15, 2008 9:20 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Ah, se eu ainda fosse capaz de colocar no papel tudo aquilo que meu coração anseia dizer...
Sim! Gosto dos textos porque eles não são frios. Eu gostaria mesmo que não fosse você. (TT)

maio 15, 2008 10:26 PM  

Postar um comentário

<< Home