Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, maio 07, 2008

De um pouco de um grande carinho

Poucos terão tido, na vida, alguém em quem pensar com um carinho tão grande que se anule: em passos que não se encontram – como coreografia nunca antes ensaiada e, ainda assim, sempre executada com aleatória perfeição –, apesar do teto compartilhado. Sem precisar sequer de um sorriso, ou mesmo de um olhar. Um carinho tão grande que mesmo na ausência de tais passos comungados, ainda assim é o carinho daqueles passos. Poucos terão tido, na vida, alguém em quem pensar com um carinho tão grande que se transforme: num olhar que se direciona pra nada – sem ser perdido –, com um sorriso resignadamente honesto, quando tais passos, então invisíveis na prática dos dias, por estarem sendo dados alhures – quiçá muito, muito longe –, ainda assim poderão ser sentidos – como presença, dentro daquele mesmo teto onde antes como que levitavam –, por esses poucos que terão tido, na vida, alguém em quem pensar com um carinho tão grande...


Algoz