Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, junho 20, 2007

O dicionário

Não deveria o dicionário ser um dos melhores amigos do homem que se intitula civilizado? Para metáforas, ironias, ladainhas, fazer-se passar por mais, fazer-se passar por menos, falsidades, crueldades e tantas outras coisas mais.
Sobretudo pra procurarmos as palavras certas pra cada discurso. E as mais lindas pra embalar nossos diletos. Mas chega o tempo em que a melodia desse mimo se impõe tão bela e tão forte à orquestra do nosso ser, que o dicionário só serve pra escrever textos inúteis, pois as palavras se fazem inúteis pro que nunca irão entender. Pro que nem mesmo nós mesmos iremos. E enquanto o Ludwig dentro de nós goza transcendentalmente a beleza da tal melodia, já começa a se preparar pro Policarpo que a esterilidade do alcance da sinfonia vai trazer à tona. Nossos diletos nos dão as costas, e uma vez mais nos toma de assalto uma vontade insana de jogar o dicionário no chão, chutá-lo e rasgá-lo. Mas parece que, afinal de contas, vamos acabar ficando com ele: amassaremos suas "roupas" com nossas mãos trêmulas, enquanto choraremos e nos descabelaremos em seu "colo". E as palavrinhas, coitadas: são umas filhas de uma grande puta que nada fazem por nós senão nos enterrar em desespero.


Algoz

1 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Credo.

junho 22, 2007 4:54 PM  

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