Confraternização

(Na geladeira)

quarta-feira, setembro 27, 2006

pé de Olorun

em meio a tantos devotos
espíritos e Santos

umbanda
candomblé
em meio a tudo isso
vou a pé

que o negro Olorun não me ouça

rodrigo lima silva

6 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Olá.
É melhor ir a pé do que pegar o "atalho" ou "carona" de um santo ou devoto ou sábio?
todos deveriam fazer isso, sendo devotos ou não.
Aliás ficou bem legal.
Tomara que Olorun não se irrite com vc, principlamente, pq se referiu ao candomblé somente... ele pode achar q é implicância. hehehe
não sei se há outras referências q não sei, mas gostei do que consegui captar.

parabéns

abs

setembro 27, 2006 6:36 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Rodrigo,

Curioso. Sinto que de alguma forma este poema está ligado ao outro, no sentido da síntese que unifica a tese e a antítese, no sentido da unidade que se encontra além de todos os contrários. Seu último texto antes deste, "Ao Grande Pai", na minha maneira de interpretar, tem um forte sentido devocional, no sentido clássico do termo, fazendo menção a um ser Supremo, a um Deus pessoal, e seu relacionamento estritamente pessoal com ele. Por outro lado, quando você diz, neste poema "em meio a tudo isso eu vou a pé", tenho a sensação de que seu posicionamento é de distanciamento das manifestações religiosas e devocionais, sejam elas quais sejam (apesar de você citar apenas religiões afro-brasileiras em seu texto); dá a idéia de um certo ateísmo, indiferença (passiva, respeitosa e não agressiva) ou, no mínimo uma certa predileção por um relacionamento num nível impessoal com a Realidade, tal qual o Budismo (segundo interpretações da maioria dos teóricos - não significando isso a realidade total do Budismo.) Ao ler os dois poemas, sentimos uma vontade de expressar uma posição de ambigüidade em relação as duas (ou mais) posições ideológicas / filosóficas, caracterizando o seu posicionamento em relação a elas (como você já tinha ma falado anteriormente, se é que você não mudou de idéia...). Será que pode haver nestes poemas uma certa influência, ao menos inconsciente dos textos sobre Anatta do Budismo que eu lhe enviei? Talvez a melhor opção em relação a determinados assintos seja mesmo a da ambigüidade, assim deixaremos abertas todas as possibilidades. Talvez isso seja a coisa mais sensata a se fazer.

Lindo poema.

Parabéns,

Adriano.

setembro 28, 2006 6:57 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Fico muito agradecido pelos dois comentários ao meu texto, de verdade!
É interessante perceber que um texto completamente simples pode ser tornar tão variado quanto à sua interpretação. Isso se dá, talvez, por causa dos termos utilizados.
Vou dar um exemplo.
Peguemos o "em meio a tudo isso vou a pé". Normalmente, entenderíamos isso como ignoro tudo isso e vou eu mesmo sozinho, a pé. Pois ir a pé é uma atitude, normalmente, individual, certo? Então, quando digo que em meio ao Candomblé, à Umbanda (Fred, eu não me referi somente ao Candomblé...rsrs), aos Santos e devotos, prefiro ir sozinho, a pé...não deixa de ser verdade! Mas pensemos o que poderia ser interpretado, também!
O título tras uma chave para somarmos uma coisa. "pé de Olorun". Quando digo que vou a pé e chamo meu texto de "pé de Olorun", acho que há uma ligação entre os dois, muito forte. É como se fosse com os pés de Olorun...digamos nesses termos!! Por isso creio que não seja uma antítese ao meu texto anterior! Também acredito que haja sim uma certa individualidade em meio aos Santos e devotos. Seria como se estivesse sendo buscada uma união direta com Olorun, no presente caso.
Resumindo:
- Creio que é um texto personalista
- E que se refira à uma ligação direta com Deus

Abraço!!

setembro 28, 2006 8:44 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Rodrigo,

Achei fantástico o seu "self-comentário" e pude ver seu poema com outros olhos, mas, então, dentro desta perspectiva de "caminhar com os pés de Olorun", tentando uma comunhão, um relacionamento diretamente com ele, sem depender de intermediários, o que quer dizer a frase "Que o negro Olorun não me ouça"? Se você buscar uma comunhão com ele, não é natural querer ser ouvido? Ou você está fazendo menção ao fato de que não quer que ele ouça o seu discurso de não querer depender dos intermediários dele enviados por ele para ti, temendo que ele se aborreça e julgue isso até mesmo arrogância de sua parte?

Um abraço.

Adriano.

setembro 28, 2006 9:42 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Maravilha! Parece que esses debates nos comentários estão sendo muito produtivos!
Adriano, meu caro! Ainda bem que consegui esclarescer melhor o texto.
Quando ao final, é por medo de que ele se aborreça por eu estar "ignorando" seus discípulos tão fiéis e por pensar que eu possa estar sendo arrogante. Bem, confesso que a arrogância existe na maioria de todos os seres humanos, nem que seja muito, muito escondida. Tomara que, além de me perdoar, Olorun me ofereça a oportunidade de me livrar desse mal e de outros males, também!

Abraço forte!

setembro 28, 2006 10:01 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Muito jóia! Gostei da como a força da palvras ubanda, candomblé, a pé juntam-se pra dar meio que um rítmo de macumba, hehehe.
Isso ae, cada um constrói seu caminho; "a doutrina do ir a pé em meio a tudo isso", todas as religiões ou filosofias que explicam o mundo é uma interiorização magnífica do que eu vou chamar de "doutrinas ocidentais", como o Budismo.

Em meio a todos esses discursos, de Olurun, Santos e Budas, o Bité também quer ir a pé , rsrsrs...

setembro 28, 2006 10:10 AM  

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