Confraternização

(Na geladeira)

terça-feira, março 14, 2006

Uma Breve Teoria Do Amor*

Primeiramente, gostaria de situar historicamente o "Amor" como conceito que surge como valor nas dependências do século XVII e XIX, época que aqui será considerada sem muito rigor como "Romantismo". Tal localização histórica se faz necessária a fim de restituir sua natureza finita e contextual, assim o livrando da impregnação de valor absoluto, natural e universal. Apenas como ilustração, basta lembrarmos o que representava a Honra na antiguidade clássica.
Também é importante que o leitor tenha sempre em mente a importância que os valores tem em nossa vida prática como guia, ainda que distante, de nossa conduta. Só assim essa reflexão ganha algum sentido, na medida em que influencia diretamente nosso modo de ver o mundo e nele agir.
Ao entendermos o Amor como um conceito temos a vantagem de visualizar sua elaboração, arquitetura, proveniente dos diversos estímulos, sentimentos. E como pilar fundamental de sua estrutura encontramos a essência utópica da "felicidade absoluta", "completude". Basta para nós considerar a utopia como algo virtual, irrealizável empiricamente, quase sempre, um desejo. Assim, concluimos que o Amor é um conceito idealizado e esculpido por um anseio extremamente criativo e agonizante de ter, ao menos em virtualidade, aquilo que era impossível de ser concretizado na realidade. A sua impossibilidade é justamente a razão de sua existência. De certa forma, o Amor pode ser considerado um sonho, na medida em que é um cumprimento de desejo.
Uma das diversas possibilidades de refutação dessa tese seria os casos de "amores bem sucedidos", e logo nos vem a imagem de um par de velinhos abraçados em uma varanda, como numa propaganda televisiva. No entanto, penso ser este um belo exemplo de tolerância e serenidade, e não de Amor, sentimento necessariamente ambivalente. Uma espécie de apaziguamento do espírito querente, que encontra a máxima completude possível dentro de si mesmo e não no outro.
Não é difícil cogitarmos algumas hipóteses que expliquem, dentro dos limites desta proposta, a perpetuação deste valor. Entre outras razões, a criação de Ideais é bastante justificável como remediação para o "Querer" do ser humano; a função de sonho tem pois aplicação incontestável. E o que dizer então do incrível uso do Amor como mais um intorpecente e objeto de consumo da sociedade moderna?
Para finalizar, gostaria de mais uma vez chamar a atenção a respeito da importância desse tipo reflexão crítica na formação de nossos valores, e principalmente, no exercício e prática cotidiana em busca de um estado de espírito que prime pela paz e autoconhecimento ao invés de comprar sem contestar ideais que nos iludem e levam ao sofrimento.

Bruno*

11 Comments:

Anonymous Anônimo disse...

Muito bom, sensível pra caramba!
Acredito que a tolerância e a serenidade que você diz independe do sentimento amoroso, inclusive porque acho que essa paz interior não é estimulada pela companheira(o). A paz é particular, assim como o Amor. O gostar tem diversas facetas, mas esse Amor ideal, de sonho, é uma coisa que dependerá de nossos valores tbm... a coisa é complexa. Há quem diga que o gostar de alguém já seria uma 1ª dependência nossa, por não termos amor suficiente dentro de nós... mas isso tira o valor do amor que é doado de bom coração!
sei lá...

vou continuar amando da minha maneira. rrrrssssss

abs

março 14, 2006 9:39 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Bruno,

Sei que não entendo tanto de literatura e de escolas literárias tanto quanto você, mas, devo dizer que não concordo com a sua contextualização histórica do sentimento chamado Amor. Talvez, o Amor, entendido como sua forma Romântica, clássica, entre dois amantes, tenha tido o seu ápice como objetivo central da produção literária nestes séculos que você falou, mas isto já existe há muito mais tempo. Podemos perceber este elemento, este sentimento, inclusive em escrituras religiosas védicas que datam de milhares de anos atrás, também nas escrituras judaico-cristãs e também, com certeza em muitas produções literárias que antecedem o período citado, como em Dom Quixote, onde ele vive em função de sua amada Dulcinéia.
Se expandirmos o conceito de Amor para a questão de um Amor universal, Amor pela Transcendência e não apenas o Amor como algo ligado ao conceito clássico de dois amantes, a presença de tal elemento se faz ainda maior.
Devo dizer que não concordo também com o conceito de dizermos que não existem valores ou elementos absolutos, aí vai algo que escrevi há uns tempos: “Não acredito que seja possível defendermos teorias que postulam que não existe uma esfera Absoluta. Todas as teorias que advogam esta idéia acabam sempre caindo em contradição, pois usam de postulados absolutos para tentar provar que o absoluto não existe, desta forma, além de cair em contradição, apenas corroboram o fato de que há algo Absoluto. Exemplos de postulados: Não existem Verdades Absolutas. O simples fato de afirmarmos que não existem verdades absolutas já é uma verdade absoluta. Ou então a clássica frase de Einstein onde ele diz que tudo é relativo, primeiramente, esta frase já se contradiz por se tratar também de uma afirmação absoluta, além do mais, se tudo é relativo, até mesmo esta regra que diz que tudo é relativo é relativa.”
“Se tudo é relativo, então esta afirmação também é relativa, se esta afirmação também é relativa, isto quer dizer que ela não é absoluta, se ela não é absoluta, isto quer dizer que ela não pode ser aplicada a todas as circunstâncias e situações, se ela não pode ser aplicada a todas as circunstâncias e situações, isto quer dizer que existem circunstâncias, lugares, esferas da realidade, onde a lei de relatividade não atua, se existe um lugar que a lei da relatividade não atua, isto quer dizer que este lugar é absoluto, é pleno por si mesmo, não depende da nada para existir e nem necessita estar relacionado a nada para existir”.
Também devo dizer que não concordo com a sua afirmação da utopia como algo necessariamente irrealizável. Acredito na existência de indivíduos que foram capazes de iluminarem-se e transcenderem todos os condicionamentos e ilusões, atingindo assim a plenitude Ser e Amar, e acredito que isso seja possível a todos, mas, realmente, chegar a este nível não é fácil. Antes de tornarem-se iluminados, seu desejo de iluminarem-se nada mais era que uma utopia, que se realizou. Deixe-me explicar melhor: segundo o dicionário, a palavra utopia significa projeto irrealizável, mas, eu pergunto: Quem designa algo como utopia ou não? Na época de Buddha, eu tenho certeza que todos taxaram a tentativa dEle de iluminar-se como uma utopia, e, se Ele fosse seguir a opinião dos outros, Ele jamais tentaria, e posteriormente conseguiria. Nos dias de hoje, todo ideal de igualdade, mudança e solidariedade é taxado de utópico. Mas, para quem é interessante que isto continue tendo o rótulo de utópico? Para as elites, para os poderosos, enfim, quem está no poder e se beneficia com este status quo, mas, na verdade, estas idéias não deveriam ser encaradas como utópicas, e sim, como necessárias.
Amar é a coisa mais revolucionária possível, tem implicações políticas incríveis. Já parou para pensar nas possibilidades políticas de uma frase de Cristo, como: “Amai ao próximo como a Ti mesmo”? Para começar, nem existia o capitalismo, que não é nada mais que a exploração do Homem pelo Homem. Não é que o Amor seja irrealizável ou que o capitalismo seja impossível de derrubar; na verdade, somos nós que estamos tão condicionados e alienados que não despertamos nossa consciência de classe e de Seres capazes de amar. Segue um texto que coloca a idéia do Amor (ou da Paixão) como algo revolucionário:

“Junte – se à resistência: apaixone – se.


Apaixonar – se é o ato mais atual de revolução, de resistência para o tédio de hoje em dia, nesse mundo socialmente restritivo, culturalmente limitado, humanamente sem significado.
O amor transforma o mundo. Onde o amante sentiu - se enfadado, ele agora sente paixão. Onde ela uma vez foi complacente, ela agora se sente excitada e compelida à auto – afirmação. O mundo que uma vez pareceu vazio e cansativo se torna repleto de significado, repleto de riscos e realizações, com majestosidade e perigo. A vida para o amante é um presente, uma aventura com os mais altos riscos possíveis; cada momento é memorável, sentindo intensamente sua ligeira beleza. Quando ele se apaixona, um homem que uma vez se sentiu desorientado, alienado e confuso saberá exatamente o que quer. Repentinamente sua existência começa a fazer sentido para ele; de repente isso se torna valioso, até mesmo glorioso e magnífico. Uma paixão fogosa é um antídoto que irá curar os piores casos de desespero e resignada experiência.
O amor torna isso possível para que os indivíduos se conectem aos outros de uma maneira significativa – ele os impele a deixarem suas máscaras e riscos sendo honestos e espontâneos quando juntos, para virem a se conhecerem mutuamente de maneiras profundas. Assim o amor faz com que seja possível que eles se importem uns com os outros genuinamente, e não como quando estão com suas cabeças contra a arma da doutrina Cristã. Mas ao mesmo tempo, arranca a amante fora de sua rotina diária e a separa de outros seres humanos. Ela se sentirá milhares de milhas longe da massa de humanos condicionados a não aproveitarem a vida essencialmente, vivendo como ela é um mundo inteiramente diferente do deles.
Nesse sentido o amor é subversivo, porque representa uma ameaça à ordem estabelecida de nossas vidas modernas. Os enfadonhos rituais de trabalho, produção e etiqueta não mais farão sentido para um homem que está apaixonado, existem forças muito mais importantes o guiando do que a mera inércia e deferência por tradição. Estratégias de marketing que dependem da apatia ou insegurança para vender os produtos que mantém a economia correndo como de costume não mais terão efeito sobre ele. Entretenimento designado para consumo passivo, que depende do esgotamento das livres idéias e do cinismo do telespectador, não lhe interessará.
Não existe lugar para o apaixonado, para o amante romântico no mundo de hoje, dos negócios ou privado. Ele pode ver que pode ser mais proveitoso pedir uma carona ao Alaska (ou se sentar em um parque e ver as nuvens passarem) com sua amada do que estudar para seu exame de cálculo ou vender sua vida por migalhas, e se ele tomar essa decisão, terá a coragem de fazer isso preferivelmente do que ser atormentado pelo desejo. Ele sabe que caminhar pela praia e fazer amor sob as estrelas significará uma noite muito mais memorável do que todas as noites de sua vida em que passou assistindo televisão antes de dormir. Então o amor representa uma ameaça à nossa economia dirigida pelo consumo, que depende de nossos ímpetos consumistas (largamente sem utilidade) por produtos, e do nosso trabalho para poder consumir comodidades que irão perpetuar todo o ciclo.
Similarmente, o amor representa uma ameaça ao nosso sistema político, pela sua dificuldade de convencer um homem que tem muito para se viver em seus relacionamentos pessoais a querer lutar e morrer por uma abstração como o Estado; por isso, pode ser difícil a tarefa de convencê – lo a ao menos a pagar taxas. Representa uma ameaça para as culturas de todos os gêneros. Quando aos seres humanos forem dados sabedoria e valor pelo verdadeiro amor eles não mais serão cooptados por tradições ou costumes que são irrelevantes para os sentimentos que os guiam”.

Como podemos ter autoridade para dizer se os outros amam ou não? Não possuímos onisciência, então, como podemos ter certeza absoluta sobre como todos os seres humanos que existem ou já existiram vivem ou viveram? Como podemos dizer, com tanta certeza, que ninguém foi capaz de amar com toda a sua plenitude? Como podemos avaliar com toda a certeza os sentimentos de alguém, como os velhinhos citados? Não é porque algo é difícil de acontecer ou de se realizar que este algo não existe.
Podemos perceber também, com toda certeza, que o Amor é explorado como objeto de consumo, afinal, o capitalismo transforma tudo em mercadoria, porém, não podemos esquecer que o mesmo também se dá com a visão pessimista de mundo, o conceito de sofrimento e depressão perante a Vida (vide todas as músicas Emo e todo o estilo e visual que foi criado para isso e mesmo outros grupos sociais tem um quê de melancolia, e todos tem suas músicas e vestimentas próprias), na verdade, se observarmos, estes sentimentos existiam, inclusive, entre os Românticos. Na verdade, é interessante a veiculação e comercalização deste tipo de sentimento pois isso gera uma apatia nas pessoas e tudo continua como está. Chega! Portanto, deixemos de ser pessimistas e celebremos a Vida.
Aí vão duas músicas de Sannyasin que ilustram bem o que digo:


Lifer

“É difícil encontrar o caminho de volta à superfície - todos precisamos de respirar. Quando tentamos demais acabamos por não tentar - é o que nos mostram os nossos erros: estamos a desgastar as nossas pernas de tanto correr, vivemos no chão. Precisamos de aprender a dar e a partilhar e de ter coragem para viver. Repara no ridículo: o Sr. Sol-a-Brilhar a olhar por cima do ombro à procura da chuva quando ele É O SOL! Diz-me: o que precisamos nós que não tenhamos já aqui? Esta é uma música de protesto contra mim por não viver a minha vida da maneira que a podia viver. Não é uma música de arrependimento e tristeza porque já me perdoei: agora sim, posso dizer que me sinto capaz para me levantar de entre os mortos, de começar tudo de novo, de descobrir o meu caminho e começar a viver!".


Ressurection a.c.

egocêntico
caminhando em círculos
a minha alma está em fogo
sempre a querer mais, nunca satisfeito
estou cansado e esgotado - chega!

os jogos que jogamos, as mentiras que contamos,
para sermos sempre o número um
é tudo como se estivéssemos a correr
uma maratona interminável com pés de barro
tão ocupados estamos sem fazer nada
que nem reparamos que estamos vivos
e chamas tu isto de "vida"? eu chamo de mentira!
ressurreição!

divididos pelo moralismo
enforcados num poste por esta cultura do ego
sacrificados em nome de um livro
e pensar que deixamos que nos façam tudo isto
apenas para escaparmos à realidade

os jogos que jogamos, as mentiras que contamos,
para sermos sempre o número um
é tudo como se estivéssemos a correr
uma maratona interminável com pés de barro
tão ocupados estamos sem fazer nada
que nem reparamos que estamos vivos
e chamas tu isto de "vida"? eu chamo de mentira!
ressurreição!
ainda hoje!

somos moldados para viver assustados
para que nunca questionemos o molde
trocamos a nossa felicidade por falsa segurança
e desperdiçamos a nossa vida...

compraste para ti a prisão camuflada deles
compraste para ti a ilusão dourada deles
onde a vida não pode penetrar
e de onde tu não podes sair
e pensas que estás seguro aí dentro?
aí dentro estás é morto, vendêste a tua vida por umas sobras

ressurreição, vou queimar esta prisão
ressurreição, eu sou o meu salvador

ninguém - conseguirá partir - essas correntes - por ti
só tu o podes fazer.

egocentric walking in circles my soul is on fire, always wanting more, never satisfied, i'm tired, i'm dying, so tired - enough! the games we play, the lies we say, to be number one, running a race that will never end, with feet made of clay, too busy doing nothing at all, to notice that we are alive, you call this a life? I call it a lie! - ressurection! cut in two by morality, hung from a pole by this ego-culture, sacrificed in the name of a fucking book - escaping reality. the games we play and the lies we say, to be number one. running a race that will never end, with feet made of clay. too busy doing nothing at all, to notice that we are alive. you call this a life? I call it a lie! - ressurection! - today! molded to live in fear, insecure, we never question the setup trading our happyness for false security, throwing our lifes away... you bought yourself their prision, you bought their golden illusion, life can't come in and you can't get out , and you think you're safe inside, i'de say you're dead inside: you sold your life for some leftovers! ressurection! i'll burn this prision! ressurection! i am my savior!
no one - can break - those chains - for you - BUT YOU!

Acho que já chega!
Bruno, me desculpe se o texto pareceu agressivo. Você sabe muito bem o quanto eu o AMO e que eu não tenho nenhuma intenção de agressividade, ainda mais em relação à você! A verdade é que eu me preocupo com este teu sentimento de desilusão, e, por isso, este texto foi uma tentativa de "chacoalhão" em você... Também, eu gostei tanto das suas boas vindas no meu último comentário que eu me empolguei neste...

Bruno, AMO você, sempre!

Adriano.

março 14, 2006 10:08 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Um ideal de desilusão e pessimismo também não pode ser algo ilusório e que nos leva ao sofrimento, na medida que passamos a fazer justamente o que esperam de nós? Isso não acaba por se transformar em demasiada passividade?

março 14, 2006 10:15 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Ah! Esqueci de dizer... Excelente texto! Viu como sua argumentação deu "pano para a manga"? Vamos trocar idéias!

março 14, 2006 10:17 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, ainda não li tudo, mas não vejo contradição na afirmativa "Tudo é relativo", que gosto muito, inclusive. Um dia vos falo à que ela é relativa...
Abraço.
ps: Um dia falei ao Adriano sobre isso, dei-lhe a relatividade da relatividade.

março 15, 2006 8:00 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Rodrigo, eu me lembro bem desta nossa conversa, porque, inclusive eu fiz um pequeno texto sobre ela. Na época, segundo tudo o que você me disse e explicou, eu pude chegar às conclusões expostas abaixo. Na verdade, eu nem sei se elas se aplicam agora, porque você mudou muitos dos seus conceitos. De qualquer maneira, aí segue o texto.


Hoje (07/03/2005), numa conversa que eu tive com o Rodrigo, eu citei a ele, o fato de a Lei da Relatividade ser uma afirmação absoluta (o que faz com que ela caia em contardição) e também sobre o fato de ela também ser relativa, segundo a lógica que a própria lei postula. Ele disse para mim que a própria lei é relativa, pois ela é relativa ao que é real e não ao que é irreal. Esta afirmação dele me fez pensar um pouco. Ora, quem pode dizer com certeza o que é real e o que é irreal? Por exemplo: Um sonho. Quando sonhamos temos a nítida impressão de que aquilo que estamos vivendo no sonho é real, porém, quando acordamos, vimos que tudo não passou de um sonho. Um sonho é real? Para o materialista, é real no sentido de haver um sonho, mas não é real no sentido de não ter uma existência objetiva fora do sonho . Mas, e se nós estivermos sonhando acordados nesta nossa vida material? O conceito de maya diz justamente isto. Que este universo material é na verdade um sonho, e que temos de acordar deste sonho. Então, o que é sonho? Nossa vida material ou nossa parafernália teológico-religiosa? O que é real, o que é irreal? Para um louco, a realidade é a sua loucura... E se estivermos todos loucos?
Voltemos à análise da afirmação do Rodrigo, a lei da relatividade é relativa ao que é real. Isto quer dizer que o que é irreal é absoluto, pois a lei da relatividade se aplica somente ao real. Por irreal, o Rodrigo (e os materialistas) entendem o que não é material, ou todas as idéias espirituais. Então, se elas são irreais, os materialistas dizem que estas idéias espirituais só existiriam em nossas consciências e graças e elas. Porém, o significado da palavra absoluto, significa aquilo que subsiste por si próprio. Se o que é irreal para os materialistas subsiste por si próprio, este irreal não pode depender de nada para existir... Nem de nossas consciências. Então, se este irreal subsiste por si próprio, independente de qualquer coisa, independente de nossas consciências, este irreal deixa de ser irreal e passa a ser real, pois ele existe independente daquilo que garantiria a sua irrealidade (inventei esta palavra!), que seriam as nossas consciências. O irreal passa então a ser real, e ainda por cima, com a vantagem de ser absoluto. Absoluto também quer dizer sem restrições. Se o irreal é absoluto, ele não tem quaisquer restrições, então, o irreal não pode ter a restrição de ser somente irreal, tem de poder ser real também.

Forte Abraço. Adriano.

março 15, 2006 11:25 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Poderíamos dizer que a Lei da Relatividade atua somente na esfera do que não é Absoluto. Mas isso subentende que ela está atuansdo sobre uma base Absoluta. No final das contas, esta relatividade é apenas um aspecto deste Absoluto... Então, não podemos dizer TUDO é relativo, temos que especificar melhor onde esta lei é capaz de atuar...

março 15, 2006 11:28 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Adriano e Bruno e Rodrigo!
Estas colocações e explanações todas me enriqueceram muito.
Principalmente por me relembrar de valores q, assim como muitos de nós, tenho esquecido de vez em quando e relembrado em outros.
No final das contas eu digo oq já disse em algumas ocasiões... "Tudo é fé".
Desde oq pensas até oq fazes se baseiam em suas crenças e absorções da vida (plano real e irreal atuando, sem sabermos distinguir ao certo quando estamos dentro ou fora).
Amemos de coração q as intencionalidades é q dirão após a morte oq estava certo ou errado... ou ñ!

Parabéns pelos esforços de entender a vida e decodificá-la.

abs

março 15, 2006 12:27 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Bruno, o Bob enviou este seu post pro meu e-mail, já que não tenho acesso daqui ao blog e não é sempre que vou a uma Lan... O Bob me falou que o Adriano, escreveu um mega comentário contradizendo este seu post... Bem não sei os argumentos utilizados e nem quantos pessoas comentaram este seu tópico, porém segue minha humilde e quase sempre contrária resposta aos seus tópicos...:

My friend

Não compreendi muito bem, se vc refere-se ao “amor romântico” dos séculos mencionados, neste caso estaríamos falando da escola literária romântica e somente neste caso, contradigo meu texto acima e concordo em partes contigo. Se não me engano a escola romântica, idealizava o amor, exatamente pela sua impossibilidade de ocorrer plenamente; ok este era um sonho a ser buscado e na maioria das obras estritamente romanescas que conheço o “Amor” terminava quase que em sua totalidade “na tolerância mútua um pelo outro – (refiro-me ao casal de velhinhos)”.
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Não refutarei sua idéia atendo-me a um espaço temporal...
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Sou completamente contrário a sua opinião, caso ela refira-se ao Amor em si, neste caso seu texto teria utilizado uma localização temporal para fundamentar sua posição.

É extremamente difícil a definir o Amor e suas implicações emocionais, comportamentais e políticas (note que nestes últimos dois casos as ocorrências são estrondosas e não as mencionarei mesmo sendo (pode não parecer, mas acredito ser) complexas separá-las das emocionais).

O amor é algo que transcende a nossa compreensão, porém ele é muito palpável, ao pensar no Amor, nos vem à mente o sentimento entre dois seres, compreensível, mas não único. Ainda referente a pessoas pensemos no 1º Amor, puro imaculado, sem dor, sem sofrimento, entrega total; porém ao ser prostituído vêm: sofrimento, ciúmes, posse; angústia, desespero, incredulidade, note, porém que o Amor esteve presente e que o medo, instintos físicos e outras doenças de nossa psique o prostituíram.

Normalmente quando este sentimento é prostituído, passamos a deixar de acreditar e tentamos buscar algo diferente, carinho, compreensão, respeito, tolerância, paixão, desejo (Alguns aspectos que estão inseridos no Amor). O maior obstáculo na minha concepção é nossa mente doentia e apegada às coisas relacionadas à matéria, temos a necessidade de “tocar”, poder acreditar... Os fundamentos da maioria das filosofias orientais datam de muitos séculos antes de Cristo, algumas 3, 5 mil anos ou mais, estas filosofias nos mostram o amor em sua faceta “utópica” (utopia por definição é a impossibilidade de se alcançar), “utópica” pq alcança-lo verdadeiramente não é fácil, nem rápido, porém é alcançável, logo não é utópico. Voltando ao próprio Cristo (esquecendo-se da bíblia e sua divindade), foi um homem que pregava o Amor por conhecê-lo, provavelmente assim como Buda, foi um homem iluminada, talvez e somente talvez (agora estou especulando), a iluminação seja o conhecimento pleno do amor, alcança-lo em todas as suas formas e plenitudes.
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Estou começando a me estender muito e não é meu objetivo neste comentário, então vou para a 2º parte...
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Muitas pessoas são entusiastas pela sua causa, lutam com entusiasmo para alcançar os seus objetivos, cativando e impressionando as pessoas. Muitos destes são fanáticos, mas outros tantos o fazem por Amor, por amar seus ideais, veja que o Amor é a engrenagem que movimenta a roda da vida destas pessoas. Olhemos para o mundo, escritores, músicos, atores de sucesso que brilham e não tinham como objetivo enriquecer, o objetivo era expressar sua arte, por Amar incondicionalmente a função desempenhada; esta lista é grande, muitos médicos, voluntários, mestres, são entusiastas e amantes de seus trabalhos.
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Parei por aqui, estendi meu comentário mais do que queria, não gosto de textos grandes, prefiro filosofar, discutir e blaá, blá blá, pessoalmente me conhece...
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O Amor na sua vida foi violentado, porém ele está dentro de vc, de alguma forma, deixe com que ele floresça volte a resplender meu amigo...

Obs: O seu texto está bem fundamentado, bem articulado e muito bem escrito, parabéns...

Deste que o Ama, não só a vc, mas a muitos que aqui freqüentam: Bob, Thiago, Frog, Adriano, Siscão...

Bjus no coração.

Edu

março 15, 2006 12:53 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Nossa, nossa, nossa!!! Estou emocionado com toda esta repercursão! Deixe-me tentar rediscutir todos estes comentários, mas antes, gostaria de dizer que a tempos sonhava com sua participação, Adri, e não me decepcionei!!! Sua refutação está linda, item a item, sempre citando o texto, simplesmente perfeita, e não vi nela nenhuma agressividade, ao contrário, foi linda!!! Enfim, a questão da contextualização foi feita, como eu mesmo admiti, sem muito rigor; sem dúvida, o amor não foi inventado no Romantismo, o encontramos obviamente entre os gregos, ou como você disse, em textos muito mais antigos como os védicos, o que vale é entendê-lo com algo temporal e notar que o amor da atualidade está muito mais próximo )o que traz mais implicações em nosso tempo) deste do século "XIII" do que daqueles mais antigos, não é mesmo? Espero que essa questão da contextualização tenha sido um pouco mais esclarecida.
Agora, deste "amor revolucionário", como "resistência", vejo-o como mais uma possibilidade dentro do que englobamos genericamente como sendo Amor; o que você entende por isso se distancia muito deste amor-querer po tratarem-se sempre de posturas ativas, ou seja, de fazeres! Seria um caso de refinamento conceitual.
Quanto à utopia do amor, mantenho-a de pé; fantasia e querer são uma coisa, fazer é outra completamente diferente.
A estabilização do Absoluto/ Relativo é sim fundamental, não só na fundamentação que propus ao conceito de amor como para a existência em si, e nesse caso, vejo a ambivalência da existência ou não do absoluto como o seu entendimento mais belo, que nos deixa perplexos diante do Inexplicável.
Em um comentário anterior, que lhe recomendo a leitura, também discordo do "pessimismo" como valor, e lhe adianto que vejo nele tanta vulgaridade quanto no valor do romantismo bobo. O que eu prezo é a crítica!
Gente, desculpa a superficialidade, ando mei sem tempo ultimamente, peço que continuem questionando sobre aquilo que não está claro, ou sobre as discorâncias, para que continuemos a discutir o causo.
Adri, mesmo odiando o amor, também te amo! Rsrsrs!
Sou extremamente grato a vocês, amigos!

março 15, 2006 5:24 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Querido Eduzinho, primeiramente muito obrigado pelo esforço para fazer este comentário, isso é dedicação, considerção, muito lindo mesmo!
Penso já ter deixado suficiente claro a questão da temporalidade; não, nào se trata de uma escola literária, como eu disse, é pra livrar o conceito daquela impregnação.
Tsc, estou notando um problema, não no seu texto, na recepção geral que minha "tese" está tendo: amor pode ser tudo! E a questão não é essa! Isso não ajuda na analise! Sei que paixão, consideração, tolerância, podem estar contidos no que entendemos por amor, mas não é o caso. Prestem atenção no dia-a-dia de vocês, vejam em que acepção este termo é usualmente empregado. Amar é viver, eu te amo, amo muito tudo isso, o grande amor da minha vida, etc. quase sempre não tem nada a ver com fazer, dedicar-se, empenhar-se, é como se amar fosse um subistituto do próprio amor, pois eu posso dizer te amo, sem fazer nada por você!
Bom, no casório a gente continua, será uma ótima oportunidade, inclusive... Rsrsrsrs..
Uma reverência a você!

março 15, 2006 6:45 PM  

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